A questão da prisão de Roman Polanski é bastante delicada, cheia de áreas cinzentas. Mas, como o colega Inácio Araujo em seu blog comprovou, a internet é um mundo em preto e branco. A maioria doOs leitores nunca vai deixar o crítico atacar a prisão do cineasta sem acusá-lo irracionalmente de defender o estupro de uma menina de 13 anos.
Para quem viu o bom documentário “Roman Polanski: Wanted and Desired”, produzido pela HBO americana, existe um fator que relativiza o problema. Como mostra o filme, Samantha Geimer, a vítima de Polanski, hoje com 45 anos, abandonou oficialmente as acusações contra Polanski, defendeu um Oscar de melhor diretor ao cineasta por “O Pianista” (2003) e declarou que ele já pagou o preço pelo crime.
Segundo Geimer, que vive no Havaí com o marido e os três filhos e trabalha como tesoureira, seu sofrimento vem hoje menos das lembranças do que da atenção da imprensa. Em declaração ao jornal “New York Daily News”, ela afirmou: “Eu sobrevivi a quaisquer danos que o senhor Polanski pode ter me causado quando criança. Superei isso há muito tempo. Ele fez algo horrível comigo, mas foi a mídia que arruinou minha vida. A publicação continuada de detalhes sobre o caso fere a mim, a meu marido, filhos e mãe.”
Ou seja, ao prender Polanski 31 anos depois do crime e chamar novamente atenção para o caso, a polícia de Los Angeles está prejudicando mais uma vez justamente quem deveria proteger.
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